27/08/2009

Palco


As ovações do passado de nada servem quando cansado, de rastos, tentas encontrar o teu rumo. Se um dia te cortarem esse fio invisível que te liga ao infinito, se destruirem essa força que te mantém em pé,vais cair como uma qulaquer marioneta quando acaba de cumprir a sua função.
O que acontece antes do presente não te pode agora dar refúgio.Sabes que não consegues parar o tempo que te prende e te foge por entre os dedos sem remédio e sem retorno.
Repetes baixinho como quem diz a medo uma verdade absoluta: se em frente a uma plateia de estranhos não consegues dizer o que sentes é porque eles não seriam capazes de o entender. Não dizes.
Olhas em frente e sabes que ninguém existe para ti porque tu também não existes paraa ninguém. Nesta vida fútil que ninguém consegue entender, esforça-te por cumprir o teu papel enquanto as luzes ainda estão acesas. Aplaude o teu público por ser continuamente o espelho de tudo o que fazes.
Quando a peça acabar
fecha os teus olhos e repousa
para acordares num outro sonho qualquer.

23/08/2009

Hoje estou assim

"A boat from the river takes you out

'cross the other side of town, to get out, to get out

you take the tide, any tide, any tide,

like there isn't gonna be any tide"




20/08/2009

Ler, ler ler ler ler ler ler


era tudo o que me apetecia fazer. È quase indescritível o prazer de ler um livro que nos consegue cativar. A vontade de saber o que vai acontecer a seguir, o tentar controlar o ímpeto de ir à ultima página. Não há muita gente que consiga realmente cativar assim pelas palavras, muito menos quando falamos de um romance de 611 páginas que nos consegue cativar da primeira à última. Um romance sobre um Portugal que (felizmente) não vivi, que compreendo mas que certamente me seria difícil aceitar, um relato que nos faz dar valor à liberdade, para nós um dado adquirido e por isso tantas vezes menosprezada. José Rodrigues dos Santos é uma boa leitura de Verão. Mas acho que a seguir preciso de Vergilio Ferreira.



"Começou a convencer-se de que o mundo não tinha significado nem propósito, existia simplesmente, com desprendimento, alheio ao espantoso sofrimento que as suas regras implacáveis ditavam. Cada vida é uma tragédia imensa para quem a vive, mas cruelmente insignificante à escala do universo. Os seres vivos sofrem e o mundo mostra-se estranho a esse sofrimento, encarando-o com indiferença, aceitando-o como fazendo parte da ordem natural das coisas, como se a dor fosse o motor da existência, a iniquidade o seu preço. Cada desejo procura satisfação, cada obstáculo gera sofrimento. mesmo a satisfação de um desejo apenas suscita felicidade temporária; Logo a seguir vem um novo desejo, de novo travado por mais um osbtáculo, o que significa que a existência é sempre luta, o sofrimento omnipresente, a felicidade efémera.

05/08/2009

assim vai o mundo...





A tradição não é mesmo o que era...

Há anos atrás, aqui estava eu, neste mesmo sítio à beira mar plantado, a gozar uns belos 15 dias de praia agarrada apenas a um livro que alternava com umas palavras cruzadas (que ficavam invariavelmente com quadrados por preencher, uns phones nos ouvidos e umas belas caminhadas de entremeio.
Agora, estou sentada com o computador no colo. Já desesperei porque não conseguia ter net. Já perdi tempo a consultar os mails. Já descarreguei as fotos de hoje. Estou a ouvir música no youtube. já respondi aos convites do facebook. Será que há palavras cruzadas online?
Qualquer dia ler um livro é tão obsoleto como contar pelos dedos. Já me estou a ver a contar as netos: no meu tempo, iamos à livraria e comprávamos os livros, e depois podiamos lê-los em qualquer lado. Quando os líamos, sublinhávamos as passagens que mais gostávamos e dobrávamos as esquinas das páginas para sabermos onde íamos. Conheciamos os livros pelo cheiro, cheiro a novo, cheiro a pó, e com sorte alguns ficavam com cheiro a mar. Às vezes tinham gralhas, traziam páginas repetidas, às vezes trocadas. Depois iam para a estante, alguns eram desfolhados outra vez, nem que fosse só para lermos novamente as passagens que tinhamos sublinhado. às vezes os amigos escreviam dedicatórias neles. ok. Esta conversa até me deixou nostálgica. Computador off. Vou ler o livro que me piscou o olho na estante, enquanto é tempo.

03/08/2009

Far and away


O prazer de não fazer nada. (porque, modéstia à parte, eu mereço!) Depois de meses intensos, de longas semanas com muitas horas de trabalho (horas a mais! que por pouco perdia a sanidade mental) finalmente o descanso.............. Dolce fare niente. NADINHA! Ainda não tive aquela sensação de tempo a mais, o que para mim não era novo, porque para quem vive a 1000 à hora estar sem nada para fazer é uma coisa assustadora. Mas por incrível que pareça ainda não senti nada disso. Acho que andava mesmo a precisar de descanso....Por agora ainda só houve tempo para aproveitar o tempo, e estar com quem mais gosto em conversas banais que fazem a vida valer a pena.

02/08/2009

Moments of amazement

I’m just experiencing one of those fucking amazing moments of amazement. The sound track couldn’t be better. Rodrigo Leão’s concert is playing on the tv. Just perfect. The weather is cold, but nice. One of those grey days in august. I feel like writing. But I don’t know what to write about. This moment made travel back a few years ago. When everything was so different. I used to write a lot. Everything was a good reason to write about. I used to read a lot, because I had the time to do it. I used to dream a lot. Because I had time and passion to do it. fuck. Can you see what I have now? What did I loose? I don´t have time to do the things I like to do. I don’t have the passion to try and do those things that made me stay alive. Day after day day in day out-now, just a repetition of days now. ROUTINE. they say we need routine in order to feel that our life is safe, that we have some balance in life. to hell with that! I don’t want to feel safe, I want to feel ALIVE. Thank god, thought of this just in the nick of time to be passionate again...

Mais um aniversário


seja em que idade for, porque a idade é apenas e só um estado de alma. e cada vez acredito mais nisto... :)

24/07/2009

Tira-me



o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.

Pablo Neruda

23/07/2009

ao tempo que não ouvia isto...



e que boas recordações traz.... há memórias que nos conseguem deixar com um sorriso nos lábios.

20/07/2009

Se eu fosse um sabor de gelado seria..........

regresso...

A vida corre em círculos.
Um ano depois de ter iniciado o blogue volto aqui outra vez.
Falta-me o tempo…
Foge-me o tempo...
Roubam-me o tempo...

Tempo preenchido com coisas fúteis, minutos vãos….

Mas caminho com ele agora.

"There is never enough time to do everything, but there is always enough time to do the most important thing."
Assim sendo, é só decidir o que é mais importante.